sexta-feira, 17 de maio de 2013

INTRODUÇÃO LÓGICA - SILOGISMO




Para Aristóteles, a lógica não é ciência e sim um instrumento (órganon) para o correto pensar. O objeto da lógica é o silogismo.

Silogismo nada mais é do que um argumento constituído de proposições das quais se infere (extrai) uma conclusão. Assim, não se trata de conferir valor de verdade ou falsidade às proposições (frases ou premissas dadas) nem à conclusão, mas apenas de observar a forma como foi constituído. É um raciocínio mediado que fornece o conhecimento de uma coisa a partir de outras coisas (buscando, pois, sua causa).

Em si mesmas, as proposições ou frases declarativas sobre a realidade, como juízo, devem seguir apenas três regras fundamentais.

1- Princípio de Identidade: A é A;

2- Princípio de não contradição: é impossível A é A e não-A ao mesmo tempo;

3- Princípio do terceiro excluído: A é x ou não-x, não há terceira possibilidade.

Dessa forma, o valor de verdade ou falsidade é conferido às proposições, pois são imediatamente evidenciados. No entanto, a lógica trabalha com argumentos.

As proposições classificam-se em:

Afirmativas: S é P;

Negativas: S não é P;

Universais: Todo S é P (afirmativa) ou Nenhum S é P (negativa);

Particulares: Alguns S são P (afirmativa) ou Alguns S não são P (negativa);

Singulares: Este S é P (afirmativa) ou Este S não é P (negativa);

Necessárias: quando o predicado está incluso no sujeito (Todo triângulo tem três lados);

Não necessárias ou impossíveis: o predicado jamais poderá ser atributo de um sujeito (Nenhum triângulo tem quatro lados);

Possíveis: o predicado pode ou não ser atributo (Todos os homens são justos).

O silogismo é composto de, no mínimo, duas proposições das quais é extraída uma conclusão. É necessário que entre as premissas (P) haja um termo que faça a mediação (termo médio sujeito de uma P1 e predicado da P2 ou vice-versa). Sua forma lógica é a seguinte:
A é B Logo, B é C (sempre os termos maior e menor).
C é A


Observem que o termo médio é o termo A, que é sujeito numa frase e predicado na outra. Assim ele não aparece na conclusão, evidenciando que houve mediação e que a conclusão é, de fato, uma dedução ou inferência, isto é, ela é realmente extraída da relação entre as premissas.

A relação entre as proposições acontece da seguinte maneira:
Proposições Contraditórias: quando se diz que Todo S é P e Alguns S não são P ou Nenhum S é P e Alguns S são P
Proposições contrárias: quando se diz que Todo S é P e Nenhum S é P ou Alguns S são P e Alguns S não são P
Subalternas: quando se diz que Todo S é P e Alguns S são P ou Nenhum S é P e Alguns S não são P

O silogismo, portanto, é o estudo da correção (validade) ou incorreção (invalidade) dos argumentos encadeados segundo premissas das quais é licito se extrair uma conclusão. Sua validade depende da Forma e não da verdade ou falsidade das premissas. Desse modo, é possível distinguir argumentos bem feitos, formalmente válidos, dos falaciosos, ainda que a aparência nos induza a enganos. Por exemplo:

P1 - Todo homem é mortal (V)

P2 - Sócrates é homem (V)

C - Logo, Sócrates é mortal (V).

O argumento é válido não porque a conclusão é verdadeira, mas por estar no modelo formal:
A é B Logo, B é C
C é A


Outro exemplo:

P1 – Todos os mamíferos são mortais (V)

P2 – Todos os cães são mortais (V)

C – Logo, todos os cães são mamíferos (V).

Ora, embora as premissas e a conclusão sejam verdadeiras, não houve inferência, já que por não estarem formalmente adequadas, as premissas não têm relação com a conclusão.

Formalmente o argumento é A é B

C é B

Logo, A é C, argumento falacioso, já que o termo médio não faz ligação entre os outros termos.

São várias as combinações, o importante é atentar para a forma. É dela que se pauta a lógica.

Por João Francisco P. Cabral
Colaborador Brasil Escola
Graduado em Filosofia pela Universidade Federal de Uberlândia – UFU
Mestrando em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP



ATIVIDADE


“(…) A marca definidora de um argumento falacioso é o fato dele apelar a considerações não racionais para fundamentar a conclusão, tais como: a força, a autoridade, as crenças infundadas, os atributos físicos, o sexo, a origem de classe, a opção sexual ou a raça das pessoas, a ignorância, o preconceito, a piedade, constatações empíricas eventuais, a opinião da maioria, as comparações infundadas, o medo, a pressão, as artimanhas psicológicas, as artimanhas lingüísticas, a onipotência dos ídolos e dos líderes.

O argumentador que se utiliza de considerações desta ordem para fundamentar suas conclusões está fazendo um mau uso inferencial* da razão, não porque está derivando conclusões que não seguem necessariamente das premissas (o que também seria um mau uso da razão), mas porque está derivando conclusões a partir de premissas que não podem ser racionalmente ou empiricamente justificadas (premissas falsas ou erradas). Se estas premissas não podem ser justificadas, as conclusões a que chegamos a partir delas podem ter no máximo um efeito persuasivo, ou seja, podem provocar um assentimento subjetivo, mas nunca universal. Em outras palavras, argumentos falaciosos não servem para fundamentar o conhecimento científico e as decisões e conclusões racionais.

(…) Os argumentos falaciosos são extremamente perniciosos e proliferam nos discursos de muitos políticos, na publicidade, na vida diária. Quanto mais subliminares forem, ou seja, quanto mais difícil de se detectar as premissas não racionais que procuram fundamentar as conclusões, maior é sua força de convencimento e mais sedutor ele se torna”.

(NAHRA, Cínara; WEBER, Ivan H. Através da lógica. 3 ed. Petrópolis: Vozes, 1999. p. 135-137.)

Observação: Um argumento é um conjunto de proposições [afirmações] que utilizamos para justificar (provar, defender, dar razão, suportar) algo [conclusão]. A proposição que queremos justificar tem o nome de conclusão; as proposições que pretendem apoiar a conclusão ou a justificam têm o nome de premissas. (…) A(s) premissa(s) deve(m) levar a uma inferência*. As premissas justificam ou defendem a conclusão.
* inferir = levar à conclusão; levar ao entendimento do raciocínio.

Segundo os autores do texto, quais os apelos comuns utilizados em falácias?